sábado, 28 de abril de 2012

A apresentadora Oprah Winfrey conversa com Michael Jackson em Nerverland



Essa entrevista foi concedida por Michael Jackson a apresentadora Ophah Winfrey no seu rancho Neverland, em 1993.


Oprah: A casa de Michael Jackson não se parece em nada com o que se imagina. Pensei que havia Ihamas andando pela sala de visitas e, talvez, alguns chimpanzés pulando por ai. Eu estava completamente enganada. Há áreas alucinantes neste rancho de 2.700 acres, mas a casa onde Michael faz suas refeições, dorme e vive é simplesmente linda. Há uma biblioteca repleta de obras Clássicas com encadernação de couro e arte pendurada nas paredes – nada, em absoluto, do que pensávamos que iríamos encontrar. Senhoras  e senhores, Michael Jackson!

Oprah: Você está muito nervoso?

Michael: Nem um pouco.

Oprah: Não está mesmo?

Michael Jackson: Não, eu nunca fico nervoso.

Oprah: Pensei que você ficaria um pouco, mas já que não está isso é bom. Quero apenas que o mundo saiba que quando concordamos em fazer esta entrevista, você disse que estaria disposto a falar comigo sobre tudo.

Michael: É verdade.

Oprah: Pura verdade. Eu vi que você acompanhando o vídeo que apresentamos sobre seus primeiros anos, no inicio do programa. Aquilo lhe trouxe lembranças?

Michael: Aquilo me fez dar risadas, porque faz tempo que não vejo essas sequências. Se me despertou lembranças? Sim... eu e meus irmãos, a quem amo tanto... foi um momento maravilhoso para mim.

Oprah: Você era assim alegre, fora do palco, como aparecia nele?

Michael: Bem, estar no palco era como estar em casa, para mim. Eu me sentia muito confortável lá e quando saia ficava bem triste.

Oprah: é mesmo?

Michael: Por estar sozinho, tendo de enfrentar a popularidade e tudo o que ela representa. Havia momentos em que eu me divertia, mas sempre costumava chorar de solidão.

Oprah: Isso começou com que idade?

Michael: Ah... muito pequeno... com uns oito ou nove anos.

Oprah: O que lhe custou perder a infância ou ter esse tipo de vida?

Michael: Bem... você não faz coisas que as outras crianças fazem como ter amigos e ir festas. Não tive nada disso. Não tive amigos quando era pequeno. Meus irmãos é que eram meus amigos.

Oprah: As crianças sempre encontram um jeito de escapar... eu me lembro que brincava com bonecas e falava sozinha. É aquele mundo infantil, da imaginação. Você tinha tempo para fazer isso?

Michael: Não. E acho que por isso tento compensar. As pessoas ficam imaginando por que eu sempre tenho crianças ao meu redor, e é justamente porque nisso encontro o que não tive na época, você sabe, ir à Disneylândia, parques de diversões, jogos esportivos. Eu adoro todas essas coisas, porque quando era pequeno só o que havia era trabalho, trabalho, trabalho... de uma apresentação a outra. E se não fosse um show, era uma gravação no estúdio, uma aparição na televisão ou sessões de cinema. Sempre havia algo para fazer.

Oprah: Então ali estava você, Michael Jackson, com todos os seus sucessos e chorando porque não podia se como as outras crianças.

Michael: Eu amava e ainda amo o show business, mas há momentos em que você deseja brincar e se divertir um pouco... e essa parte é que me deixava triste. Lembro que uma vez estávamos prontos para ir à América do Sul, com toda a bagagem no carro, e eu me escondi. Estava chorando porque realmente não queria ir, queria ficar brincando.

Oprah: Seus irmãos tinham ciúme quando as atenções começaram a se concentrar em você?

Michael: Que eu saiba, não. Acho que eles sempre ficavam felizes por mim. Nunca senti ciúme da parte deles.

Oprah: Qual sua relação com a família? Ainda são próximos?

Michael: Eu amo demais minha família. Gostaria de vê-los com mais freqüência. Mas entendemos que não é possível porque somos uma família do show business e todos trabalhamos.



Oprah: Passar da infância para a juventude deve ter sido um período particularmente difícil para você?

Michael: Muito, muito, muito difícil, sim. Penso que toda criança que chega ao estrelado sofre durante essa fase, porque não é mais aquela criancinha linda de antes. Você começa a crescer, mas eles querem manter você pequeno para sempre. E eu tinha graves problemas de pele, o que me tornava retraído. Eu nem queria me olhar no espelho. Costumava esconder o rosto, no escuro. Meu pai ficava me gozando por causa disso, o que eu odiava. Chorando todos os dias.

Oprah: Seu pai gozava de você por causa das espinhas?

Michael: Sim, e dizia que eu era muito feio.

Oprah: Como é a sua relação com ele?

Michael: Eu amo meu pai, mas não o conheço.

Oprah: Você fica zangado por ele ter feito isso? Acho que é uma atitude muito cruel.

Michael: Ás vezes eu fico, sim. Eu não o conheço do jeito que gostaria. Minha mãe é maravilhosa. Para mim, ela é a perfeição. Eu gostaria de entender meu pai.

Oprah: Então, vamos falar sobre aqueles anos da adolescência. Foi quando você começou a ficar introspectivo?

Michael: Aqueles foram anos tristes, muito tristes para mim.

Oprah: Por que tanta tristeza, quando se apresentava no palco e ganhava mais e mais Grammys?

Michael: Há muita tristeza em meu passado, em minha adolescência, em relação a meu pai e todas aquelas coisas.

Oprah: Ele alguma vez bateu em você?

Michael: Sim.

Oprah: E por quê?

Michael: Não sei se eu era para ele uma criança de ouro ou algo assim, mas ele era muito rigoroso, duro, severo. Com apenas um olhar, deixava você apavorado.

Oprah: E você ainda tem medo dele?

Michael: Muito Houve períodos em que quando ele vinha me visitar eu começava a passa mal e vomitava.

Oprah: Quando era criança ou já adulto?

Michael: Ambos. Ele nunca me ouviu dizer isso. Sinto muito. Por favor, não fique triste comigo.

Oprah: eu acho que todas as pessoas têm de assumir a responsabilidade pelo que fizeram na vida. E seu pai é uma delas.

Michael: Mas eu o amo.

Oprah: Sim, eu compreendo.

Michael: E eu estou perdoando.

Oprah: Mas você realmente pode perdoar?

Michael: Sim, posso. Há muito lixo no que foi dito a meu respeito, pura mentira, e isso é uma das coisas sobre as quais quero falar. A imprensa errou muito. Meu Deus! Historias horríveis, o que me fez refletir que quando se repete demais uma mentira você começa a acreditar nela.

Oprah: E a propósito dos rumores, cheguei a esta casa certa de que ia encontrar uma câmara de oxigênio. Andei por todos os cantos e não havia nenhuma.

Michael: Essa historia e muito louca, uma dessas coisas de tablóide, um erro completo.

Oprah: Mas tenho aqui uma fotografia sua em uma câmara de oxigênio.

Michael: Ah... isso! Eu fiz um comercial para a Pepsi e sofri graves queimaduras, então doei um milhão de dólares para a construção de um lugar chamado Michael Jackson Burn Centre (Centro para Queimados Michael Jackson) e aquela máquina é uma parte da tecnologia usada para esse tipo de ferimento. Eu olhei para aquilo e quis entrar, alguém tirou uma fotografia e a pessoas que revelou disse: “ Olha, é Michael Jackson!”. Fez cópias e essas imagens circularam pelo mundo com aquela legenda mentirosa. É pura mentira, então por que as pessoas compram esses jornais?

Oprah: Você está certo... e essa historia parece ter ganhado asas!

Michael: É uma loucura. Por que alguém ia querer dormir numa câmara? (Risos.)

Oprah: O boato era que você estava dormindo numa câmara porque não queria envelhecer.

Michael: Isso é estupidez. Estou disposto a perdoar a imprensa ou perdoar quem quer que seja, mas, por favor, não creiam nessas coisas loucas e pavorosas.

Oprah: Você comprou ou estava tentando comprar os ossos do Homem Elefante?

Michael: Não. Essa é outra bobagem. Adoro a historia do Homem Elefante, lembra muito a mim mesmo, até me faz chorar porque eu me vejo nesse caso, mas nunca quis... Onde é que ia guardar ossos e por que ia querer alguns?

Oprah: Não sei. Então, onde surgiu essa historia?

Michael: Alguém inventou. Se você ouve uma mentira durante muito tempo, acaba acreditando nela.


Oprah: Recentemente ouvi outra: havia um boato de que você queria um menininho branco para fazer seu papel em um comercial da Pepsi.

Michael: Estupidez. Essa é a mais ridícula e horrível historia que eu já ouvi. É loucura! Por que eu havia de querer que uma criança branca fizesse o papel de Michael Jackson quando eu era pequeno? Sou negro americano. Tenho orgulho de minha raça. Tenho orgulho de quem eu sou.

Oprah: Ok, então passemos ao assunto mais discutido a seu respeito, que é a cor de sua pele. Você está branqueando sua pele porque não gosta de ser negro?

Michael: Eu tenho uma doença de pele que destrói a pigmentação e é uma coisa que não curar. Quando as pessoas inventam historias de que eu não quero ser o que sou... isso me fere.

Oprah: Então você não está usando nada para mudar a cor de as pele?

Michael: Por Deus, não! Tentamos controlar e usamos maquiagem para obter uma superfície uniforme, porque o problema provocava manchas. Foi preciso fazer uma compensação. O mais engraçado é imaginar por que isso é tão importante.

Oprah: Quantas cirurgias plásticas você já fez?

Michael: Muito, muito poucas. Você pode contá-las em meus dois dedos. Nunca operei as maçãs do rosto, nem meus olhos, nem meus lábios... eles vão longe demais.

Oprah: Você está satisfeito com a forma com que...

Michael: Eu nunca estou satisfeito com nada. Sou perfeccionista. Eu nunca estou satisfeito comigo. Não... eu tento não olhar no espelho.

Oprah: Por que você fica segurando sai virilha?

Michael: (Risadas) Quando você está dançando, apenas interpreta a música, os sons, o acompanhamento. Então, se faço um movimento, é a música que me impulsiona. Não que dizer que estou ansiando segurar aqui ou ali, a gente não pensa, a coisa apenas acontece. Às vezes olho para o que fiz no palco e penso “nossa, eu fiz isso?”, então sou um escravo do ritmo.

Oprah: Mesmo depois de quebrar todos os recordes de vendagem e de se tornar um ícone da indústria, continua a pressão para fazer algo maior e melhor?

Michael: Fica cada vez mais difícil. Você tenta ser o mais original que pode SM pensar nas estatísticas, mas sim no que indica seu coração e sua alma.

Oprah: De onde vem a idéia de que você se proclamou Rei do Pop?

Michael: Bem, eu não fiz isso. Quem disse Rei do Pop pela primeira vez foi Elizabeth Taylor, numa premiação. E os fãs nos estádios ou na parte externa dos hotéis traziam faixas dizendo isso.


Oprah: Você já se apaixonou?

Michael: Sim.

Oprah: Por Brooke Shields?

Michael: Sim... e por outra garota.

Oprah: Você é virgem?

Michael: Nossa... Como você pode me perguntar uma coisas dessas?

Oprah: Só quero saber.

Michael: Sou cavalheiro. Isso é algo privado, não deve ser falado abertamente. Você pode me chamar de antiquado, mas é muito pessoal.

Oprah: O que quero saber é: existe a possibilidade de você um dia se casar e ter filhos?

Michael: Eu mim sentiria incompleto se não fizesse isso.


Oprah: Quero saber se você fez Neverland para si mesmo ou para as crianças que recebe?

Michael: Para mim e para as crianças. A cada três semanas recebo grupos de crianças com doenças terminais, vitimas de câncer. Elas vêm para se divertir. Gosto de compartilhar o que há aqui com elas.

Oprah: Agora você está concretizando todas as fantasias da infância?

Michael: Sim, para compensar. Amo fazer coisas para as crianças e procuro imitar Jesus – veja bem, não estou dizendo que sou Jesus! Tento imitá-lo ao incentivar as pessoas a ser como as criança, ser tão puras como elas, manter a inocência e ver o mundo com olhos de encantamento.

Oprah: Você acha que se não tivesse perdido muito diversão e fantasia quando era pequeno, estaria tão em contato coma as crianças hoje?

Michael: Provavelmente sim, mas não tanto. Por isso é que não mudaria nada. Sou feliz com ojeito que as coisas são. Fui infeliz por anos e anos. Mas agora sou feliz.

Oprah: O que faz você feliz?

Michael: Ser capaz de retribuir e de ajudar outras pessoas.

Oprah: E quando você está se apresentando, com um mar de pessoas ao seu redor gritando seu nome, o que você sente?

Michael: Amor. E me sinto abençoado e honrado por ser um instrumento da natureza.

Oprah: Você é espiritual? Medita? Acha que há algo maior do que você?

Michael: Verdadeiramente, acredito em Deus.

Oprah: Acredito que as pessoas vêm ao mundo por uma razão. E muitos de nós passamos a vida tentando descobrir qual é seu propósito. Qual você pensa que é o seu?

Michael: Dar o melhor de mim, por meio do canto, da dança e da música. Quero dizer com isso que tenho um compromisso com minha arte. Acredito que todas as artes têm como meta a união do material com espiritual, do humano com o divino. Acredito que essa é a razão para própria existência da arte. E sinto que fui escolhido como um instrumento para oferecer música, amor e harmonia ao mundo.

Oprah: Acredita que talvez as pessoas possam prestar mais atenção em sua música e não julgá-lo por nada que não seja isso?

Michael: Assim espero e amaria que isso acontecesse.

 



Oprah: O que você deseja que o mundo saiba a seu respeito?

Michael: Que sou um artista, um grande artista. Amo o que faço e simplesmente gostaria de ser amado porque amo todas as pessoas, de todas as raças, do fundo do meu coração.

Oprah: Não tenho palavras para lhe agradecer e lhe desejo toda a felicidade do mundo. Amei vir aqui, me sentir criança outra vez e quando sair prometir a mim mesma que vou me divertir, talvez comendo um pouco de pipoca ou aprendendo o moonwalk com você – quando ninguém estiver olhando.

Michael: Ok, isso parece muito bom!

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