sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Michael Jackson fala como foi gravar o vídeo clipe da música "Beat It"


“Beat It” foi dirigido por Bob Giraldi, que já havia feito vários comerciais. Eu lembro de estar na Inglaterra quando foi decidido que “Beat It” seria o segundo single lançado de Thiller, e tínhamos que escolher um diretor pro clipe.

Achava que “Beat It” devia ser interpretada literalmente, do jeito que foi composta, uma gangue contra a outra no meio da rua. Tinha que ser pesado. Era disso que “Beat It” falava.
Quando voltei pra L.A., eu vi a demo do Bob Giraldi e soube que ele era o diretor certo pra “Beat It”. Amei o jeito que ele contava uma historia em seu trabalho, por isso conversei com ele sobre “Beat It” Repassamos umas coisas, minhas idéias e as dele, e foi assim que criamos. Jogamos no storyboard, moldamos e esculpimos.

Pensava em gangues de rua enquanto escrevia “Beat It”, por isso pegamos umas das gangues mais pesadas de Los Angeles e as colocamos no clipe. Acabou sendo uma boa idéia e uma grande experiência pra mim. Tinha uns garotos bem durões no estúdio, agressivos, e nem passaram pelo vestiário. Os caras na sala de bilhar na primeira cena são reais; não são atores. Aquilo tudo é real.
Agora, eu nunca tinha andado com essa pessoal barra pesada, e estes caras pareciam bem intimidadores de inicio. Mas tinha segurança por todo lado e tava tudo pronto se algo acontecesse. É claro que logo descobrimos que não tinha com que se preocupar, pois os gangsteres eram gentis e humildes com a gente. Demos comida nas pausas, e eles mesmos limparam e tiraram as bandejas. Acabei percebendo que a coisa de bancar o mau e durão é só pra reconhecimento. Esses caras sempre quiseram ser respeitados e conhecidos, e a gente tava pondo eles na TV. Eles adoraram. “Ei, olha pra mim, eu sou alguém!” E acho que é por isso que as gangues agem do jeito que agem. São rebeldes, mas rebeldes querendo atenção e respeito. Assim como todos nós, eles só querem ser vistos. E eu dei esta chance. Pelo menos por uns dias, eles foram estrelas.
Eles foram ótimos pra mim – gentis, quietos, assistentes. Depois dos números de dança, eles elogiaram meu trabalho, e dá pra dizer que eles falavam sério. Eles quiseram um monte de autógrafos e ficavam próximos a meu trailer. Tudo o que eles queriam, eu dava: fotos, autógrafos, ingressos pra turnê Victory, tudo. Era um bando de gente bacana.

A verdade daquela experiência você acompanha na tela. O clipe de “Beat It” é ameaçador, dá pra sentir as emoções daquelas pessoas. Você sente a experiência nas ruas e a realidade da vida deles. Você assiste “Beat It” e já sabe que aquele pessoal é barra pesada. Eles estavam apenas sendo eles mesmos; a sensação que você tem é o espírito deles.
Sempre imaginei se eles entenderam a mensagem da música. 

FONTE: Texto retirado do livro Moonwalk.

30 anos do disco 'Thriller' por Rodrigo Teaser




UAU!!

30 anos do álbum Thriller.

Engraçado isso, sou fã do MJ desde pequeno, entre minhas primeiras memorias da vida estão alguns brinquedos, algumas sensações, a casa antiga da minha avó e esse disco, que desde que me conheço por gente eu sei da existência.

Eu tinha uma rotina que era acordar, comer, brincar, dançar o disco, brincar, comer, tomar banho e dormir. Depois passei a incluir ir a escola nessa rotina, hahaha. Eu achava que era super comum isso, que em algum momento do dia as pessoas deveriam achar um tempo para dançar o disco, hahahaha...entre minhas bugigangas de criança, sempre havia espaço para esse disco, mesmo quando eu arranhava (criança nos anos 80 mexendo com vinil já viu né) e ai eu infernizava meus pais até eles me darem um novo, hahaha. Alias, eu costumava brincar que crianças dos anos 80 contribuíram muito para o recorde do disco, hahaha eu mesmo arranhei um monte, comprei fita cassete que era comida pela aparelho, fora os
formatos e edições especiais que viriam depois.

Se eu tivesse que falar o que mais me influenciou e mudou minha vida, com certeza seria esse disco. Graças a ele conheci Michael, sua dança, sua musica e conheci o prazer que era isso tudo junto.

Que bom saber que como eu, a praticamente 30 anos atras, tantas pessoas ainda hoje o descobrem e junto com ele descobrem um mundo novo.
Atemporal, imortal, inigualável, divisor de águas...se eu tivesse que escolher algo para tocar por toda eternidade, esse seria o som.

Obrigado Michael e toda sua gangue por esse disco...e obrigado Deus pelo sopro divino de inspiração que resultou nisso.

Thriller!!


FONTE: Todos os direitos reservados a página do facebook Rodrigo Teaser oficial.


Jornal O Globo dá destaque aos 30 anos de Thriller



O GLOBO: Disco Fenômeno 'Thriller', de Michael Jackson, faz 30 anos


RIO - Em 1982, o futuro batia firme na porta. Foi naquele ano que Hollywood abriu uma janela para a imaginação com “E.T. — O Extraterrestre” e “Blade Runner”; que o videogame Atari 2600 bateu a marca de dez milhões de unidades vendidas; que os CD-players (ou discos laser) foram lançados comercialmente; e que o Brasil via a chegada de uma gente fina, elegante, colorida e sincera nas canções de Lulu Santos e da Blitz. Mas um fato cultural de magnitude até então inimaginável haveria de iniciar sua saga antes que 1982 acabasse. No dia 30 de novembro, chegava às lojas “Thriller”, o segundo LP do cantor americano Michael Jackson em parceria com o produtor Quincy Jones. Quase 30 anos depois, ele permanece como o álbum mais vendido da História (algo como 110 milhões de cópias). Isso depois de ter feito de Michael o Rei do Pop, de ter revolucionado a indústria fonográfica, de ter inaugurado a era de ouro do videoclipe (numa MTV que nascera em 1981) e de ter estabelecido parâmetros artísticos e comerciais que o artista morto em 2009 passou o resto de sua vida tentando, em vão, superar.


Sei que ele ficou frustrado por não conseguir repetir vendagens tão altas — conta ao GLOBO o jornalista e escritor americano Nelson George, autor de “Thriller: a vida e a música de Michael Jackson”, lançado no ano passado por aqui pela Zahar. — Hoje, a cultura é muito diferente. As pessoas não compram mais álbuns em massa, fazem download de canções. Não há mais condições para que um álbum venda algo como 40 milhões de cópias.

Mas os feitos de “Thriller” vão muito além dos números. George lembra que o disco também foi um divisor de águas cultural, rompendo barreiras raciais.


Michael Jackson provou que os músicos negros americanos poderiam ter apelo global — diz. — A música negra americana sempre teve apelo internacional, mas relativamente poucos artistas conseguiram se beneficiar disso. Michael levou a dança, o canto e a música aos lares do mundo inteiro. Nascido em uma família operária de Gary, Indiana, Michael foi levado pelo pai, Joe, com mão de ferro, a cantar com os irmãos mais velhos num grupo de r&b, o Jackson 5. Tinha 8 anos. Quando o sucesso veio, com as músicas “ABC” e “I want you back”, ele contava apenas 11, mas já ficara claro que era o grande talento do grupo. Em 1972, fez sucesso solo, com as músicas “I’ll be there” e “Ben”, mas não se afastou dos irmãos. Em 1977, ao participar do filme “O mágico inesquecível” (um remake de “O Mágico de Oz”), Michael conheceu Quincy Jones, jazzista e arranjador que o convenceu a retomar a carreira solo. Assim, em 1979, aos 21 anos, com o disco “Off the wall”, o caçula do Jackson 5 pegou os embalos da discoteque e os transformou em algo novo, vibrante e reluzente, em canções como “Don’t stop til’ you get enough” e “Rock with you”, que não por acaso foram hits mundiais. Em “Thriller”, a dupla Quincy-Michael se preparou para repetir a dose, com ainda mais eficácia.

Biógrafo Nelson George, que acompanhou a carreira de Michael de perto, na época, como editor da revista “Billboard”, considera fundamental a participação de Quincy Jones no sucesso do disco. Foi ele quem trouxe Rod Temperton (compositor inglês, autor de “Rock with you”), quem compôs algumas das canções mais memoráveis do disco (a faixa-título, “Baby be mine” e “The lady in my life”). E também deu forma a “Human nature” e contratou alguns dos melhores músicos e arranjadores de Los Angeles. Sua marca está por todo o disco.


Mas, mesmo com todo o planejamento artístico (com grandes ideias, como a de voltar a juntar Michael Jackson e Paul McCartney na faixa “The Girl is mine”, ou a de chamar o guitarrista Eddie Van Halen para fazer um solo no rock “Beat it”), “Thriller” não teria chegado onde chegou sem a fileira de históricos videoclipes, feitos por insistência (e com a orientação) do próprio cantor. Na ordem: “Billie Jean” (em que o cantor deu uma lição ou duas de dança), “Beat it” (com seu conceito “West Side story”) e “Thriller”, uma revolução sob vários aspectos.

Encantado com o filme “Um lobisomem americano em Londres”, Michael chamou o diretor John Landis para fazer o clipe de sua canção em clima de terror (com direito até a narração tenebrosa do ator Vincent Price). Landis idealizou um curta-metragem, com muita maquiagem de zumbi e dança, que custaria um até então inédito meio milhão de dólares. Esse não foi só o artefato decisivo para fazer de “Thriller” o disco mais vendido de todos os tempos: foi um acontecimento cultural, o vídeo que transformou a MTV numa potência (é o mais visto de sua história), que abriu o canal para os artistas negros e que iniciou uma escalada de inovação (e de custos) para os clipes. Nelson George se lembra bem daqueles tempos, quando o clipe de “Thriller” não saía das TVs, as cópias do álbum “Thriller” não conseguiam ficar muito tempo nas lojas, e Michael Jackson era figura próxima do onipresente.

 
O frenesi em torno desse disco foi algo nunca visto — conta. — Em 1984, fui a três shows da turnê do “Victory” (disco dos irmãos Jackson, do qual Michael participou) e em todos eles havia um burburinho que eu raramente vi. Especialmente em Kansas City.
Trinta anos depois, a indústria musical pode não ser mais a mesma. Mas “Thriller” segue sendo homenageado — inclusive no Brasil. No dia 15, a banda americana Easy Star All-Stars mostra no Circo Voador sua recriação reggae do disco, “Thrillah”. E em 21 de fevereiro, estreia no Citibank Hall o musical “Thriller Live Brasil Tour” (os ingressos começam a ser vendidos esta semana em www.ticketsforfun.com.br), unindo artistas brasileiros aos músicos da produção original inglesa. Tudo para celebrar o disco cuja influência foi decisiva para as carreiras de um rol de artistas que segue por Prince, Lenny Kravitz, Will Smith, Ricky Martin, Justin Timberlake, The Black Eyed Peas, Justin Bieber e, mais recentemente, Bruno Mars (que imitava Michael Jackson profissionalmente na infância). Astros que uniram enorme talento, amor pela música e determinação para vencer obstáculos (cor da pele, nacionalidade, língua) com uma ambição para chegar onde o homem jamais pisou.

O fato de haver agora uma reavaliação de “Thriller”, bem como de “Bad” (o disco seguinte, de 1987, que mereceu este ano, no seu 25º aniversário, um documentário do diretor Spike Lee), se deve ao fato de que o trabalho de Jackson foi histórico — avalia Nelson George. — Várias gerações de fãs de música cresceram com ele, e essa conexão se sustenta.

FONTE: Todos os direitos do texto reservados ao jornal O GLOBO.



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