O clima na casa dos Jackson em Hayvenhurst parecia festa; as pessoas telefonavam de toda parte do país para falar de como Michael tinha sido espetacular. A casa fervia de gente – parentes, pessoal da CBS, da Motown, vizinhos, até fãs – enquanto a família passava seguidamente o videoteipe da maravilhosa apresentação de Michael. “Você precisa ver isso de novo”, dizia Joseph, o pai orgulhoso, a cada um eu chegava. “Nunca vi nada igual. Dá uma olhada nesse menino”.
Joseph pode não ter
percebido, mas por todo o país as pessoas estavam assistindo àquelas imagens de
Michael. Com sua apresentação no Motown 25, Michael tinha alcançado duas
coisas: confirmava para seus fiéis fãs que, sim, ele era o talento incrível que
eles sempre admiraram. E também, por meio da força da TV, ele tinha alcançado
milhões de espectadores que nunca o tinham visto representar. Somente em duas
outras oportunidades – nas primeiras apresentações em rede nacional de
televisão de Elvis Presley e dos Beatles, ambas no The Ed Sullivan Show – a televisão
pôde transmitir com tanta simplicidade o mais alto nível do estrelato da música
pop. No entanto, talvez Michael Jackson tivesse oferecido a mais arrebatadora
apresentação de um artista solo da música pop em toda a história da televisão,
dançando e cantando. “Beat It” tinha chegado ao número um das paradas duas
semanas antes. Era o mundo de Michael Jackson, e todos os outros Jackson
estavamsomente vivendo nele.
Até mesmo celebridades
da dança como Fred Astaire ficaram impressionados com a proeza de Michael. No
dia seguinte após a transmissão do especial, Fred telefonou para Hermes Pan, o
lendário coreógrafo e ganhador do Oscars, que tinha ensinado Fred e Ginger
Rogers a realizar seus mais memoráveis passos de dança (e que estava na vizinha
Beverly Hills). Ele lhe disse que viesse o mais rápido possível.
Quando Hermes chegou,
Fred colocou, Fred colocou um videoteipe da apresentação de Michael. “Espere só
até você ver isso.” Então os dois veteranos assistiram admirados àquele novo
guri no pedaço maravilhar os Estados Unidos. Pessoa que nunca fora capaz de
fazer elogios fúteis a outros homens dançarinos, Fred ficou extasiado com a
apresentação de Michael.
Michael depois diria que
o elogio de Fred tinha significado mais para ele do que todos os outros que
tinha recebido. O professor de voz de Michael, Seth Riggs, disse que, quando
Astaire telefonou, Michael estava tomando café da manhã. “Ele ficou tão
empolgado com aquilo que chegou realmente a vomitar e não conseguiu mais
terminar a refeição.” Depois, Fred convidou Michael a ir a sua casa para
ensinar a ele e a Hermes como fazer o moonwalk.
Pouco tempo depois, Gene
Kelly visitou Michael em Encino para falar de negócios. “Ele sabe quando parar
e quando disparar, como um relâmpago”, diria Gene referindo-se a Michael que,
ao que parecia, havia se integrado a uma nova fraternidade: a dos dançarinos.
“Ele tem movimentos limpos, belos, é rápidos e tem uma sensualidade
transbordante”, diria Bob Fosse sobre Michael, depois de assistir ao Motown 25
na TV. “Nunca são passos que importam, mas o estilo.”
Michael tinha aprendido
o passo moonwalk com um ex-dançarino do famoso programa de televisão Soul
Train. Aquele passo já existia há mais ou menos três anos. Quando viu a
seguencia pela primeira vez, assistindo ao programa, Michael resolveu que ele
simplesmente tinha de aprender aquilo. Ron Weisner o colocou em contato com
Geron Candidate, de 16 anos, que no palco era conhecido com “Casper”, e que era
guri que realmente tinha inventado aquele passo.
“Eu vi uma dança que
vocês fizeram no Soul Train”, Michael disse para Casper, “e ali parece que você
vai ao mesmo tempo para frente e para trás”. Chamamos de deslizar para trás”,
Casper ensinou. “É demais!”, Michael exclamou. “Você pode me ensinar a fazer
isso ?” Casper ficou tão estupefato que mal conseguiu dize que sim. No dia
seguinte, Casper e seu parceiro de dança, Cooley Jackson, encontraram-se com
Michael num estúdio de ensaios, em Los Angeles. Ao som de “The Pop Along Kid”,
da banda Shalamar, Cooley começou a demonstrar a versão do passo que deslizava
para trás mas que era mais parecido com empurrar sem sair do lugar do que
propriamente ir para trás. Não era isso que Michael queria. Então, Casper
demonstrou o deslizamento em que o dançarino parece que anda ao mesmo tempo
para frente e para trás. Michael deu um salto de alegria: “Sim! É isso ai. É
esse que eu quero aprender.”
Quando Casper se sentou,
Michael pegou os sapatos de para examinar a sola. “ O que você tem embaixo do
sapato?”, ele queria saber. “São rodinhas, não são? É por isso que você
consegue fazer o passo, não é?”
Casper explicou que não
eram sapatos especiais e nem com rodinhas. Era só um passo de dança muito
criativo. Com a ajuda de uma cadeira, Casper começou a ensinar Michael. Nessa
aula, Michael segurou na cadeira e ficou executando aquele passo no lugar
repetidamente, até se acostumar com o movimento do pé. “Ele aprendeu a idéia
básica em mais ou menos uma hora”, Casper se lembrava. “Ainda não estava
dominando o passo, mas já sabia como era.”
Alguns dias depois,
Casper deu outra aula para Michael. “Ele ainda não fazia o passo naturalmente”,
Casper lembrava-se. “Eu fazia de maneira muito natural, como se estivesse
andando no ar, mas ele estava duro. Isso incomodava ele pra caramba. “Não posso
faze isso na frente das pessoas a menos que faça direito, ele dizia o tempo
todo.”
Depois desses ensaios
com Casper, Michael partiu em turnê com os irmãos. “Fui assistir ao show wm Los
Angeles e ele não fez o passo”, Casper disse. “Fiquei espantado. Fui até o camarim
e perguntei-lhe por que não; ele disse que ainda não estava pronto. Não achava
que soubesse fazer o passo direito.”
Casper estava em casa,
assistindo ao Motown 25, como milhões de outros telespectadores, quando viu
Michael executar o passo pela primeira vez, diante de uma platéia. “Nem
conseguia acreditar”, ele se recordava. “Meu coração começou a pular dentro do
peito. Saltei da cadeira e gritei: “É! Ele conseguiu. “Ainda não é o moonwalk,
é só o passo de deslizar pra trás. O moonwalk é quando você faz o circulo
completo. Mas, de algum jeito, o passo que Michael fez na TV ficou conhecido
como moonwalk, em vez de deslizar para trás.”
Na realidade, esse passo
– moonwalk ou deslizar para trás – logo se tornou o passo “do Michael Jackson”.
Seu número na Motown 25 foi indicado para o Emmy (e o programa em si levou um
desses prêmios). Pelo trabalho de ter lhe ensinado o passo, Casper recebeu
somente mil dólares. “Foi o quanto eu pedi”. Ele disse rindo. “Eu tinha 16
anos. Para mim, era um bom dinheiro. Eu teria ensinado de graça, para te dizer
a verdade. Como Saber que se tornaria a marca registrada de Michael Jackson?”
FONTE: Texto retirado do
livro Michael Jackson A Magia é a Loucura de J. Randy Taraborrelli.
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