Ensaios de dança podem
passar da meia noite, mas desta vez
Parei às dez. “Espero
que não se importe” eu disse, olhando o espaço acima, “mas por hoje chega.”
A voz na sala de soou. “Você
está bem?” “Um pouco cansado, eu acho” disse.
Mudei rapidamente de
roupa e segui pelo corredor. Passos com pressa vinham atrás de mim. Já tinha
bastante certeza de quem eram. “Eu te conheço bem demais” ela disse me
alcançando. “O que houve?”
Eu hesitei. “Bom, eu não
sei como isso vai soar, mas eu vi uma foto hoje nos jornais. Um golfinho se
afogou em uma rede de pesca. Do modo que seu corpo foi marcado pela rede dava
para ler sua agonia. Seus olhos estavam apagados, mas ainda existia o sorriso,
aquele que os golfinhos nunca perdem quando morrem...” Minha voz esgotou.
Ela encostou sua mão na
minha. “Eu sei, eu sei.”
“Não, você não sabe
ainda. Eu não só fiquei triste ou tive que encarar o fato que um ser inocente
morreu. Golfinhos adoram dançar – de todas as criaturas marítimas, esta é a
marca deles. Eles não nos pedem nada em troca, eles dão cambalhotas em meio as
ondas enquanto maravilhamos. Eles correm na frente dos navios, não para vencer
a corrida, mas para nos dizer: “Cm tudo podemos brincar. Mantenha a rota, mas
dance no caminho.”
E ali estava eu, em meio
ao ensaio, e pensei. ‘Estão matando a dança.’ E parece certo interromper. Não
posso impedir a dança de ser morta, mas ao menos posso fazer uma pausa de
dançarino pra outro. Não faz sentido isso?”
Seus olhos eram tenros. “Claro.
Provavelmente ainda passarão anos até eu todos concordem em como resolver isso.
Tanto interesses estão envolvidos. Mas é muito frustrante esperar melhoras no
amanhã. Seu coração queria poder resolver agora.”
“Sim” eu disse, abrindo
a porta para ela. “Eu tive esta sensação, por hoje chega”.
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