“Beat It” foi dirigido por Bob Giraldi, que já havia feito vários
comerciais. Eu lembro de estar na Inglaterra quando foi decidido que “Beat It”
seria o segundo single lançado de Thiller, e tínhamos que escolher um diretor
pro clipe.
Achava que “Beat It” devia ser interpretada literalmente, do jeito que
foi composta, uma gangue contra a outra no meio da rua. Tinha que ser pesado.
Era disso que “Beat It” falava.
Pensava em gangues de rua enquanto escrevia “Beat It”, por isso pegamos
umas das gangues mais pesadas de Los Angeles e as colocamos no clipe. Acabou
sendo uma boa idéia e uma grande experiência pra mim. Tinha uns garotos bem
durões no estúdio, agressivos, e nem passaram pelo vestiário. Os caras na sala
de bilhar na primeira cena são reais; não são atores. Aquilo tudo é real.
Agora, eu nunca tinha andado com essa pessoal barra pesada, e estes
caras pareciam bem intimidadores de inicio. Mas tinha segurança por todo lado e
tava tudo pronto se algo acontecesse. É claro que logo descobrimos que não
tinha com que se preocupar, pois os gangsteres eram gentis e humildes com a
gente. Demos comida nas pausas, e eles mesmos limparam e tiraram as bandejas.
Acabei percebendo que a coisa de bancar o mau e durão é só pra reconhecimento.
Esses caras sempre quiseram ser respeitados e conhecidos, e a gente tava pondo
eles na TV. Eles adoraram. “Ei, olha pra mim, eu sou alguém!” E acho que é por
isso que as gangues agem do jeito que agem. São rebeldes, mas rebeldes querendo
atenção e respeito. Assim como todos nós, eles só querem ser vistos. E eu dei
esta chance. Pelo menos por uns dias, eles foram estrelas.
A verdade daquela experiência você acompanha na tela. O clipe de “Beat
It” é ameaçador, dá pra sentir as emoções daquelas pessoas. Você sente a experiência
nas ruas e a realidade da vida deles. Você assiste “Beat It” e já sabe que
aquele pessoal é barra pesada. Eles estavam apenas sendo eles mesmos; a
sensação que você tem é o espírito deles.
FONTE: Texto retirado do livro Moonwalk.
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